No nosso quinto dia no Alasca, o plano levar-nos ia ao Pólo Norte (sim, leram bem, Pólo Norte) e para terras do sul, para o Parque National de Denali, onde se encontra a montanha mais alta da América do Norte.
Pólo Norte é uma cidade no Alasca. Infelizmente, nao o verdadeiro Pólo Norte da Terra. E o que nos levou lá? Há muitos anos atrás, quando aquela zona estava em "remodelaçao" administrativa, foi decidido chamar-lhe Pólo Norte, com a esperança de atrair construtores de brinquedos. Nao tiveram muita sorte, mas com o passar dos anos foi construída a casa do Pai Natal. Um residente começou-se a vestir continuamente de Pai Natal, e uma grande atracçao turística nascia. Mas o melhor ainda está para vir, pois a casa do Pai Natal, uma atracçao turística, jamais seria por si só razao para nos desviar da nossa rota. Nos EUA existe a tradiçao das crianças escreverem uma carta ao Pai Natal. E, existe um endereço físico para isso mesmo. Adivinharam? Pólo Norte, Alasca :) Aqui chegam todos os anos inúmeras cartas dos 4 cantos dos EUA e de mais alguns locais do mundo. E pelos vistos há voluntários que se encarregam de responder a elas todas... bonito nao?
Pois nada, chegados ao sítio fomos visitar. É uma grande loja, com um sem número de ornamentos de Natal, para além de outras prendas e items relacionados com o Natal. Há também a possibilidade de enviar cartas/postais desde lá e se se quiser, eles guardam as mesmas até à época de Natal e enviam. Que tal receber uma carta do Pólo Norte no Natal? :)
Nalgumas paredes encontravam-se algumas cartas. Bastava ler as cartas para saber que tipo de criança as tinha escrito, o quao mimada ou necessitada era. Sugiro que leiam as cartas das fotos que aqui meto. Acho a última fotografia particularmente comovedora...
Apenas pede o pai e roupas bonitas... :( |
E como nao podia deixar de ser, que seria a casa do Pai Natal sem o mesmo? Em pleno Julho encontrámos o Pai Natal. Deixei-lhe o meu pedido para este Natal e ele prometeu estudá-lo cuidadosamente...
Visto o Pai Natal e enviados alguns postais (adorava ter escrito mais, mas ninguém se voluntariou para os receber...), tomámos a auto estrada dos parque e dirigimo-nos para Denali. A estrada era aborrecida e, sinceramente, sem muito que ver. Colinas, alguns rios e pouco mais. Acho que a perspectiva de ver um parque fantástico turvou completamente a minha capacidade para apreciar algumas coisas...
Finalmente, Denali. Este é um parque relativamente recente, imenso, onde uma grande porçao de Portugal caberia. Foi estabelecido com o intuito de proteger as cabras das montanhas, que estavam a ser caçadas em excesso para abastacer de proteína a crescente populaçao do Alasca. Inicialmente com o nome McKinley, presidente americano, foi posteriormente renomeado Denali, o nome índigena, para nao ferir susceptibilidades. Apenas uma pequena porçao de americanos continua a usar o primeiro nome, os mais saudosistas e conservadores (maioritariamente os republicanos).
A primeira actividade no parque foi uma visita aos canis e uma demonstraçao de trenó de caes. Denali é enorme e neva muito e desde que foi fundado os caes têm sido uma constante para o seu patrulhamento e mesmo uma ajuda no transporte de carga. Inteligentes, pouco poluentes, sem necessidade de gasolina, relativamente baratos e, em ultima opçao, uma fonte de comida, o parque faz questao de nao só os manter senao de os utilizar. Caes de raça Husky, sao autênticos campeoes naquilo que fazem.
Em Denali nao se pode conduzir. Depois do centro de visitantes há uma só estrada que vai até ao final do parque, 90 milhas adiante. Esta estrada só pode ser feita mediante o sistema de autocarros que o parque oferece (compra-se um bilhete até certo ponto e entre esse ponto e a entrada pode-se entrar e sair dos autocarros à vontade, sempre que haja lugares livres) ou de carro particular até um dos 2 parques de campismo e ficando um mínimo de 3 noites. Como nós nos habilitávamos a isso, pudémos conduzir até ao parque de campismo, em Teklanika.
Como era tarde e tínhamos fome, decidimos jantar antes de ir dar um pequeno passeio à volta do parque. Comida quente, cerveja e marshmallows (nao os como mas sou bom a fazê-los) e sentimo-nos finalmente gente de novo.
Smore: bolacha, chocolate e marshmallow |
Como ainda era dia (mas alguma vez vi noite no Alasca?!), insisti que fossemos dar um passeio até ao rio que corria ao lado do parque de campismo. Às vezes olhar para mapas é boa ideia e poupa sustos e experiências no mínimo assustadoras. Num dos extremos do parque um trilho junto a um riacho levava até ao rio. Tomámos esse trilho, pelo meio de uma zona arborizada e ao fim de uns minutos chegámos ao mesmo. Como já disse os rios aqui sao sobretudo rios glaciares, e este nao era excepçao. Assim, fazendo fotografias, fomos saltitando entre braços. A paisagem era bastante bonita, embora o céu estivesse cinzento.
Em dado momento, nao sei porquê (mas felizmente), olhei para um dos lados e vi um urso grizzly descer um trilho até ao rio. A excitaçao foi grande, era o nosso primeiro grizzly no Alasca (no ano anterior tinha-os visto em yellowstone mas nao tao grandes ou perto). Entretanto pareceu que o urso tomava o trilho por onde tínhamos vindo e entrava na floresta. Pareceu a mim até que Maggie e Alda começam a dizer que o urso vinha na nossa direcçao. E vinha. Sossegado, a pensar na sua vida e no que iria jantar, o urso caminhava paralelamente à praia, entre a floresta e os arbustos que a delimitavam. Quando chegou a perto de 50-100 metros de nós, decidiu ir para o rio. E que viu ele? 3 pessoas no seu caminho, a fazer barulho... o animal ficou confuso e olhou para nós fixamente. Nessa altura já tínhamos destravado o gás pimenta, só na eventualidade que ele viesse na nossa direcçao. De repente, começa a correr na nossa direcçao. Num momento que pareceu interminável, deu 3-4 passos na nossa direcçao antes de virar para um dos lados e fugir, assutadíssimo. Este é um comportamento típico nos ursos, mas confesso que naquele momento vi a minha vida a andar para trás. Na semana anterior em Yellowstone um casal tinha sido atacado e o homem morto. Numa fracçao de segundo pensei que fosse ser mais uma estatística e saíram-me mais uns cabelos brancos.
Claro está que depois de tal experiência nao queríamos saber de fotos ou vistas para nada. A andar bem rápido (nao recomendam que se corra), fomos para a direcçao oposta em direcçao ao parque de campismo. No parque a adrenalina baixou e falámos da experiência por que tínhamos passado. Embpra assuatdora, terrorífica, foi algo que jamais irei esquecer. E, sinceramente, estou seguro que o urso estava mais asustado que nós.
Depois de relaxar um pouco, fui dar um passeio pelo parque de campismo com a Maggie, tendo a Alda decidido ficar pelas tendas. Poucos metros ao lados dos locais das tendas, estava o rio. Tínhamos ido dar uma volta grande, passado por uma experiência daquelas e o rio ali ao lado... Fomos buscar a câmara e voltámos, para fazer mais fotos, desta vez sempre a olhar para os lados.
Feitas as fotos, fomos descansar. Tinha sido um dia cansativo e com muita adrenalina. No dia seguinte começaríamos a nossa exploraçao a fundo do parque...
E eu a achar que ver o Tiago ao colo do Pai Natal tinha sido o momento apoteótico do dia 5... Ai que medo que eu tinha tido desse urso!!! :)
ResponderEliminarUm beijo muito grande para a Alda. Vcs estão a ter uma experiência fantástica. As imagens são fabulosas!
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