Depois de muitos meses de preparação, eis que o tão desejado dia chegava: íamos para o Alasca, duas semanas de viagem num local bem selvagem. A viagem começou em Chicago, pouco antes das 8 da noite, com uma viagem até Seattle. A viagem até Seattle correu bem, sem grandes sobressaltos mas extremamente chata. No assento do meio, com uma pessoa a dormir de cada lado, passaram as horas. Pouco antes de chegar a Seattle, a primeira grande imagem: o monte Rainier, um vulcão sobranceiro à cidade, enorme de tamanho. A paragem em Seattle decorreu sem muitos incidentes, foi uma escala curta e era de noite, estávamos todos cansados.
Monte Rainier |
O segundo voo levar-nos-ia até Fairbanks, a última grande cidade no Norte do Alasca. Os companheiros de viagem eram uma boa amostra daquilo que iríamos encontrar ao longo da viagem: gente simples, muito dura. Mais umas horas foram passando e, embora passasse da meia-noite, ia ficando de dia. Chegávamos à zona onde no verão, não existe noite. Iam ser duas semanas em que as lanternas que tínhamos levado não serviriam para nada mais que fazer peso. Embora a maioria do voo tenha sido sobre o Oceano Pacífico, ao entrar em terra, sobrevoámos zonas de montanhas, neve e glaciares.
A meio entre o Pacífico e Fairbanks a paisagem mudou, deixando de ser montanha para se algo mais semelhante a planícies, zonas de colinas, com muita vegetação e cursos de água. Chegámos a Fairbanks passava da uma da manha local. E o céu era azul claro... Apanhado o táxi, fomos até ao Hotel para o que seria uma das poucas noites que dormíamos num colchão e teríamos direito a um chuveiro...
De manha, já com uma cara muito mais desperta, fomos buscar o primeiro carro da viagem. O plano para os 3 dias seguintes seria ir até ao Oceano Árctico, molhar o pezinho, ver os campos de petróleo e conduzir muitas, muitas milhas na considerada uma das estradas mais inóspitas da Terra (sim, o nosso planeta redondo e azul...), a famosa Dalton Highway. Antes de começar a viagem, uma paragem no Walmart para comprar comida, uma arca térmica e algo muito importante: spray para ursos.
Eu e Maggie |
O carro carregadinho (notar a máquina de café) |
As primeiras milhas da estrada fizeram-se bem ,pelo meio de florestas e vales, e acompanhados por uma das maiores construções humanas, a trans-alaska pipeline. É um sistema de tubos que percorre perto de 1300 kms, trazendo petróleo desde os campos do Árctico, em Prudhoe Bay, até Valdez, já no Pacífico. Embora durante os 3 dias seguintes fossemos passar por uma multitude de paisagens, esta construção seria uma constante na paisagem.
Trans-Alaska Pipeline |
Pequena loja pouco antes da Dalton |
Ao fim de algumas milhas, finalmente chegámos à Dalton Highway. Esta estrada é uma estrada maioritariamente de gravilha, terra batida, que chega até Prudhoe Bay. É considerada uma estrada boa para aventureiros, nao só pelo seu tamanho (670 km para cada lado), mas pelo seu destino, as muitas paisagens que percorre e por se ter que percorrer a estrada junto a camiões de 16 rodas geralmente em excesso de velocidade. É, sobretudo, uma estrada industrial que pouco a pouco tem sido descoberta pelos turistas com mais vontade de fazer algo diferente. E, entre esse grupo, encontravamo-nos nós. Para fazer esta estrada tivemos que recorrer a uma companhia de aluguer especial. Nenhuma das companhias tradicionais permite a condução nesta estrada e, devido às condições da mesma, são necessário bons pneus, um carro resistente e um rádio para contactar com os outros veículos na estrada. As regras nesta estrada são também claras: os camioes sao os donos da estrada. Se querem passar, há que chegar-se para o lado e deixá-los passar. Nesta estrada conduzem bastante rápido e é conveniente, para evitar vidros partidos, abrandar ou mesmo parar sempre que nos cruzamos com um deles.
O rádio |
A primeira paragem foi em Yukon Bridge, uma estaçao de serviço (?) sobranceira ao rio Yukon. Aproveitámos para esticar as pernas e para meter gasolina. Pagámos pela mesma o preço mais caro desde que estou aqui (como referência onde vivo estava a 3.78 na mesma data). Embora o Alaska seja dos maiores produtores de petróleo, nele se pode encontrar a gasolina mais cara do país.
Pouco depois da Yukon Bridge, parámos num pequeno bar, de aspecto muito manhoso. Era recomendado por um dos guias que tínhamos como tendo um excelente hamburguer, um dos melhores, senão o melhor do estado. Não acho que fosse espectacular, era bastante bom, mas aquela hora e com a fome que tinha teria comido de tudo.
A pipeline ao longo da estrada |
À medida que nos dirigíamos para Norte a vegetação ia mudando. Entrávamos na área do permafrost, em que o solo, meio metro-metro abaixo da superfície se encontra congelado todo o ano. Aqui as árvores têm dificuldade em crescer, diminuindo cada vez mais de tamanho. Chegaríamos a um ponto, no dia seguinte, em que as árvores deixariam totalmente de existir, por muitas, muitas milhas...
Ao fim de muitas horas de viagem, chegámos a um dos pontos altos da viagem, algo que tinha sido posto como condição para a viagem: atravessar o círculo polar árctico. Num pequeno desvio ao lado da estrada existe um sinal a marcar o "evento". Nada de especial, mas tão especial que muita gente conduz a Dalton só para fazer a fotografia aqui. Obviamente, tínhamos que marcar a ocasião e fazer como toda a gente: uma fotografia :)
Grayling Lake |
Finalmente, chegámos a Marion Creek Campground, o parque de campismo que viria a ser o nosso local de dormida. Rodeado de montanhas, na tundra, era um parque muito rústico. Mas, ao mesmo tempo, era aquilo que procurávamos no Alaska, o contacto com a natureza, ou não fosse este considerado o estado mais "selvagem" dos 50.
Fireweed, uma flor omnipresente (e saborosa :)) |
Fantástica viagem! Obrigado por esta partilha... vivemos uma pequena amostra através das tuas palavras e fotos. Jinho
ResponderEliminarQue espectáculo! Aguardo ansiosamente os próximos episódios! URSOS! URSOS!!!
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