E o dia amanhecia molhado. Nao chovia mas estava feio, cinzento, ameaçando chover a qualquer momento. Já algo restabelecidos da grande jornada até ao Dalton, tínhamos reservado o dia para fazer umas compras em Fairbanks e ir relaxar numas fontes de água quente a pouco menos de uma hora de distância.
A primeira paragem foi na Alaskan Company Bowl. Tinha visto um anúncio a esta loja e tinha-lhe achado piada. Cortam toncos de árvore transversalmente e depois escavam neles uma taça, e gravam a laser diversas imagens relacionadas com o Alaska. Talvez para a maioria das pessoas seja algo banal, mas eu gostei e a prova disso sao as duas taças que adornam uma das minhas estantes aqui em casa :)
Gastos alguns dólares na loja, metemo-nos à estrada em direcçao a Chena Hot Springs. O local das termas embora relativamente perto de Fairbanks, só há relativamente pouco tempo (mesmo para os padroes do Alasca) é que teve direito a uma estrada em condiçoes. Esta estrada é também referenciada como o local onde aqueles turistas no Alasca que ainda nao viram alces devem vir para os poder ver. E sabem que mais? É verdade, conseguimos ver uns quantos alces nas aproximadamente 50 milhas que percorremos. Embora numerosos os alces sao animais bastante tímidos, pelo que é extremamente difícil vê-los. Um dos melhores alces que vi nesta viagem, foi nesta estrada. Ao passar numa pequena ponte sobre um riacho, vimos um alce a comer. Estava a menos de 50mde distância e pareceu pouco ou nada incomodado pela nossa presença. Continuou a comer vegetaçao subaquática, nadou e foi "pastar" como se nao houvesse um grande número de humanos a tirar-lhe fotografias.
Ao chegar a Chena, mais um acaso: outro alce que decidiu ir comer no lago dos patos e depois se dedicou a andar pelas ruas do complexo. Extremamente curioso! Chena é um complexo turístico pequeno, onde para além das termas existe um museu de gelo e uma estufa e central eléctrica movida a energia geotérmica. Consideram-se orgulhosamente a estufa mais a Norte do mundo.
A primeira paragem foram as termas. As termas sao de água sulfurosa, pelo que possuem um cheiro bastante característico. E a temperatura é bastante elevada, mas agradável. Outra coisa engraçada é o facto de serem ao ar livre e estar sempre abertas: é possível estar quentinho dentro de água rodeado de uns quandos metros de neve à volta... fiquei com vontade de voltar e experimentar :)
Embora a temperatura nas termas fosse agradável, ao fim de pouco mais de uma hora tornava-se algo incómodo estar na água. É certo que podíamos sair e arrefecer no exterior, mas fazia fresco e chuviscava, pelo que estar em fato de banho do lado de fora também nao era o melhor. Como tinhamos algum tempo até ir fazer a visita do museu de gelo, decidimos fazer uma pequena excursao à central térmica e estufas. No caminho para a central havia um curral com cabras. Foi-nos sugerido que agarrássemos uma mao cheia de biscoitos e os dessemos às cabras. E como cheiravam tao bem, decidi experimentar... cheiravam melhor do que sabiam (se é que se pode dizer que sabiam a algo...).
Provando o biscoito |
A central térmica era bastante interessante e aprendemos como graças a um visionário um sítio que até entao saltava de dono em dono, pois invariavelmente se tornava demasiado caro e estes faliam, se tornou mais do que auto-suficiente em energia eléctrica (nao existem linhas de electricidade até Chena, o complexo tem que produzir a sua energia) e até capaz de exportar tecnologia. E nao só resolveu o seu problema de electricidade, como a estufa é mais eficiente e produz mais do que algumas estufas em sítios supostamente melhores para a agricultura. Foi uma prova de que com engenho e vontade, o homem é capaz de coisas impressionantes e ao mesmo tempo amigas do ambiente. Este local era um contraste incrível com o que tinha visto e aprendido em Prudhoe Bay.
Plantas de tomates... medem várias dezenas de metros! |
Finalmente, o Museu do Gelo. Nao sei do que estava à espera, mas decididamente fiquei surpreendido com o que vi. Impressionante. É incrível como o gelo pode ser trabalhado e originar obras de arte como as que vi. Nao em vao um dos escultores no hotel foi várias vezes campeao mundial de esculturas no gelo. E nao escreverei mais sobre o museu, deixo-vos disfrutar como eu o fiz...
E o nome original do sítio era hotel e museu do gelo, mas por questoes legais tiveram que o mudar. Hoje, ainda é possível dormir lá dentro nalgumas ocasioes, casar-se (existe uma capela) e até tomar uma bebida: existe um bar. E a bebida típica é um martini num copo escavado no gelo. Torna-se uma experiência única pois o nosso copo é único nomundo, nao há outro como ele.
Notar o gelo opaco e o transparente. Existem gelos diferentes! |
Uma lareira. Interessante ;) |
Até os candeeiros eram de gelo |
O transporte de Inverno |
Museu do lado de fora |
Depois de um dia bem passado porque nao acabá-lo em grande e fazer turismo gastronómico? Existe um restaurante chamado Pumphouse que se caracteriza por servir carne de caça e peixe. Tinhamos rido que tinham alce, e foi o que me fez querer ir lá. Nao tinham alce mas tinham rena... Embora pessoalmente nao aprecie nem veado nem "elk" (outra espécie de veado aqui nos EUA), tenho que admitir que gostei de rena. Experimentei algo a medo, pois pertence ao mesmo grupo de animais, mas aquele gosto doce que caracteriza a carne dos outros que tinha provado, era inexistente.
E assim, com um bom prato de rena mal passada e com várias amostras de cerveja do Alasca, acabámos o dia em grande :)
Rena |
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