Nove e meia da manha e a impressora cospe as últimas folhas. Mapas e mapas, caminhos alternativos... tal é o medo de me perder nesta terra. Nao creio que o atlas de estradas que me deram na companhia de seguros seja suficiente para chegar onde quero e voltar em segurança. Neste momento o meu melhor amigo é o google maps. Saio, meto gasolina e começa a aventura. Duas auto-estradas ligadas por uma pequena estrada deverao ser suficientes para chegar ao meu destino: as dunas de Indiana, mais precisamente o parque estatal (porque para além do estatal há o nacional... americanices). Será a minha primeira incursao sozinho fora da cidade, assim como a primeira vez que posso espremer o carro perto do máximo...
Auto estrada... muito semelhante às nossas. Duas-três faixas, piso em nao muito bom estado (pensando bem, temos melhor que isto) e... ausência de separador central. Ia enfiado nos meus pensamentos, e curiosamente a pensar exactamente nisso, quando vejo dois carros da polícia e um infeliz que se tinha metido na valeta que separava as duas direcçoes... imagino se tem saltado para o outro lado. Americanos, mas neste aspecto pouco inteligentes. O caminho até lá foi feito de forma bastante tranquila. Dada a permissividade com os condutores (aqui pode-se usar telemóvel) lá ia eu com uma mao no volante e outra nos mapas. Nova experiência: "cruise control" (ou velocidade de cruzeiro?).Teoricamente poso chegar a uma velociade, carregr num botaozinho e carro mantém essa velocidade. Experimentei... e parei imediatamente. Já me obrigaram a esquecer o pé esquerdo quando conduzo (caixas automáticas), e agora o direito? Nao consigo... chegará o dia em que marcaremos o destino, escolhemos o filme e o carro leva-nos lá... mas nao quero chegar a esse dia, é bastante esquisito nao fazer nada senao usar apenas o volante... Paisagem monótona, campos e campos de cereais, celeiros (sim, aqueles celeiros qu se vêm nos filmes existem de facto). E 50 minutos de viagem. Finalmente. Chego ao parque, pago a entrada e lá vou eu até à praia.
Uau... se nao me dizem que aquilo é o Lago Michigan, juraria que é o mar. Muita gente, parecia mesmo uma praia a sério. Ao fundo, via-se algo de chicago... infelizmente ao longo do dia
levantou-se uma neblina no horizonte e perdi a vista. Estendo-me, leio umas páginas do meu livro e decido arriscar, experimentar a água. Diziam eles que a qualidade da água hoje era boa. Aparentemente controlam a E. coli diariamente... primeiro contacto, mais quente que a água do mar. Agora. No inverno sei que gela. Ainda assim custa meter-me na água, mas lá mergulho. Sabe bem. E, falando em saber... provo a água. É mesmo água doce, é estranho estar numa superfície de água doce deste tamanho. Volto à toalha para secar um pouco e beber algo. Olho à volta, curioso por
ver como se comporta o americano na praia. Eles, de calçoes abaixo do joelho. Compreendo agora o porquê de alguns olhares estranhos. Elas, que tao pouco pudor manifestam fora da praia, aparentemente têm-no mais aqui. Ainda assim lá se vêm algumas de bikini, mas muitas coisas esquisitas para as quais nao tenho nome. Só sei que andam mesmo muito tapadas. De resto muito semelhante a qualquer praia portuguesa ou espanhola, as que melhor conheço. Um grupo delatinos, ao fundo, joga futebol. MAs aqui impera o frisbee, o futebo americano e mais umas patetices deles. Nao faltam, claro está, as famílias que levam tudo para a praia. Comida, bebida... parece que estao em casa! Uma coisa nova para mim... como que uns mega-lençóis onde se senta toda a famelga. Num desses lençóis, duas toalhas de corpo e... duas almofadas com uma capa a condizer (do mesmo tecido que as toalhas). Ao lado do edifício de apoio, alguns corajosos arriscam fazer barbecues.
Olho para o mapa que me deram e dado que o sol estava algo quente, decido ir percorrer um dos muitos caminhos que o parque tem. Dentro da mata circundante e ao longo da praia. Subo, desço, suo fortemente... mas o certo é que a paisagem é fenomenal. Pelos vistos as dunas sao móveis, e vao "engulindo a floresta". Aquela que é"vomitada", fá-lo como troncos secos, esbranquiçados, que ocpam a areia qual esqueletos. Ainda assim, o sentimento que impera é o da tranquilidade.
Estive lá em cima...
Vista para Norte
Muito, mas muito que ver... muito bonita a praia, relativamente sossegada longe do estacionamento e da multidao. Dunas imensas, vegetaçao que desce quase até à beira da água...
Cansado e cheio de sede volto para trás. Ainda me cruzo com algns colegas pescadores. Rica vida. De cadeirinha, com apoio para a bebida, lá passam eles a tarde. Nao é esta a minha concepçao de pesca, mas cada um tem a sua. Cómodos estavam, peixe... nem vê-lo. Continu a preferir ir com os amigos, sentar-me ou mesmo deitar-me na areia e ficar ali, a olhar para a cana, a falar, imerso nos meus pensamentos... mas iso já sao comodidades a mais... mais fácil só mesmo ter um aquário em casa!
Lá consigo uma clareira para meter a minha toalha e mochila e decido ir à água. Lá chega uma família e espalha as coisas deles, englobando as minhas coisas... se nao soubesse que eram minhas, pensaria que eram deles. Com uma praia tao grande têm que se meter em cima de mim... pedaço de idiotas. Obrigam-me a procurar outro sítio nao vou à praia para isto. Tempo para mais um mergulho, mais umas páginas e ver uma coisa curiosa. Pela megafonia, lançam um aviso de que despareceu uma criança. Descriçao exacta. Aos poucos minutos, voltam e dizem que já apareceu, agradecendo. Toda a gente bate palmas... nao deixa de ser curioso!
Por fim, tempo de fazer o caminho de volta. Ainda com muitas horas de sol por aproveitar... mas já cansado e se pelo menos nao mais animado, mais relaxado. O mar, neste caso o lago, sempre foram um ponto de refúgio, de um reencontrar com a tranquilidade. Sem mapa de volta, decido arriscar. Cheguei. A ver onde vou para a próxima...
Sem comentários:
Enviar um comentário