segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dia 1 - Badlands

Quinta feira, 8 de Julho, 6 da tarde. Ao embarcar no autocarro rumo ao aeroporto de Midway, em Chicago, embarco ao mesmo tempo com destino a duas semanas cheias de aventura, de novas descobertas. Pela frente, esperam-me muitos quilómetros de estrada, muitas noites pouco e mal dormidas. Mas ao mesmo tempo, todo um mundo por descobrir.



Depois de 5 horas de viagem, uma noite em branco nos cómodos (?) bancos do aeroporto e de uma viagem rumo a Rapid City, South Dakota, com uma pequena escala em Denver, Colorado, chegámos finalmente ao verdadeiro começo da aventura. não sem antes nos ter sido oferecida casa por um guia turístico que conheci no avião. No interior dos EUA, as pessoas são bastante mais abertas e genuínas, fazendo-me lembrar aquelas que ainda encontramos no interior do nosso pequeno rectângulo. Recolhido o carro, um "maravilhoso" Chevrolet Cobalt de cor vermelha, metemo-nos à estrada. Primeira paragem: a cidade de Wall, para podermos meter algo no estômago, que já rugia de fome. Apesar de ser uma cidade bastante pequena, nem sei bem se merece o nome de cidade, fervilha de actividade, sobretudo de turistas. Nas ruas mais centrais encontram-se alguns bares/restaurantes com um aspecto um tanto quanto peculiar, que dão um ar de uma cidade do tempo de cowboys (nem que fosse este um dos estados nos quais as populares séries televisivas e filmes se terão baseado...). Para almoçar, escolhemos um desses bares, que ao entrar não nos desiludiu. Pinturas antigas, representativas de vários aspectos da região, candeeiros provavelmente mais velhos que eu e uma atmosfera deveras interessante. Para comer, um dos meus pratos favoritos: um belo hamburguer de bisonte e uma cervejinha fresca para acompanhar :)



Uma vez satisfeitos e de volta à estrada, fomos até aos silos de Minuteman (http://www.nps.gov/mimi/index.htm). Hoje uma atracção turística, no tempo da guerra fria esta área desempenhou uma função mais sombria e mortífera: era sede de vários centros militares, cada um dos quais responsável por 10 grandes mísseis com ogivas nucleares, que fariam as bombas lançadas sobre o Japão parecer uns meninos de coro. Ao entrar, um relativamente recente aviso no portão lembrava os velhos tempos, em que o uso de força letal era autorizado sobre qualquer um que tentasse entrar nestas instalações. Uma visita relativamente rápida, mas ao mesmo tempo impressionante. Ali, a meros metros de mim, jazia um instrumento capaz de vaporizar cidades completas. Haverá que agradecer, seja a um ser superior ou apenas ao bom senso de algumas pessoas, que tais armas nunca tenham sido utilizadas. Hoje sao apenas um monumento, e espero que assim continuem a ser. Fizemos ainda uma tentativa falhada de visitar o centro de controlo, infelizmente fechado. Mas, no meio de tanta sorte, conhecemos um militar na reforma, que, curiosamente, tinha prestado servido num dos centros de controlo ali perto. Acabámos por ouvir em primeira mão uma bela experiência!


Míssil com ogiva num dos silos

Pormenor do centro de controlo

Terminado o momento macabro do dia, seguimos em direcção ao primeiro parque nacional dos muitos que viríamos a conhecer: Badlands (http://www.nps.gov/badl/index.htm). Traduzido à letra, terras más. Neste caso em particular, erguiam-se como um grande obstáculo aos colonos que buscavam o Oeste dos EUA; depois de quilómetros e quilómetros nas grandes planícies, chegavam ao primeiro dos grandes obstáculos que teriam que enfrentar rumo a uma esperada, e pouco provável, melhor vida.

É um parque fruto da erosão, a grande responsável pela paisagem observada. Num solo estratificado, podem-se ver várias camadas representativas de distintos períodos da história geológica e biológica da terra: aqui também se podem encontrar inúmeros fósseis. Visitámos a primeira parte do parque através de uma estrada asfaltada, fazendo ocasionais paragens para fotografias ou para fazer pequenos caminhos, de não mais de 1-2 km.













A segunda parte da viagem, foi feita numa estrada de terra batida. Se geologicamente o que havia para ver não me interessava demasiado, o que procurava era algo mais vivo, e barulhento: uma cidade de cães da pradaria. Tendo-os visto no zoológico e em inúmeros documentários, tinha a oportunidade de os ver ao vivo, no seu habitat natural. E, não saí defraudado. São animais extremamente engraçados, de certeza que a mais de uma pessoa terá dado vontade de agarrar um e "apertá-lo". Mas, ao mesmo tempo, são extremamente territoriais, vocalizando quando um e aproxima demasiado.


Cada monte de terra, equivale a uma entrada de túnel



Este "amigo" não gostou que me aproximasse para uma fotografia melhor...

Começava o sol a baixar, e fomos de novo até Rapid City, para comprar comida e algum material que necessitávamos para os restantes dias. A viagem para o parque de campismo, deveras atribulada: estava mal sinalizado e desta vez, nem a minha carinhosamente apelidada namorada electrónica (o GPS) nos safou. No escuro, numa estrada que não conhecíamos andámos algo desorientados, até descobrirmos no meio do nada um bar/salão, onde mais uma vez pudemos sentir na pele a simpatia dos locais, que nos deram excelentes indicações para o parque. Tendas montadas, alguma comida e a dormir, que no dia seguinte nos esperava um largo dia...

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