Findas as (muito curtas) férias, lá se teve que voltar para a minha nova casa. Os sentimentos eram díspares. Se por um lado queria ficar, junto da família, amigos, no meu país, por outro a vontade de voltar ao trabalho, para aquilo que realmente gosto de fazer, era também grande. No final, lá se manteve a razao e acabei por voltar.
Nada mais chegar ao aeroporto, começaram os problemas. Fruto do grande tráfego na época natalícia e de um imbecil nigeriano (e também dos serviços secretos de certo e determinado país, que neste caso meteram água), os meus pais acabaram por nao poder passar para a sala de check-in. Nada que nunca tivesse acontecido, mas pronto. A fila para o check-in era imensa e avançava com uma lentidao exasperante. Para atenderem a meia dúzia de pessoas que tinha à frente, demoraram quase uma hora. Quando chego, compreendo o porquê: o meu aviao ia com 3 horas de atraso. tendo em conta que era o primeiro dos três que teria que apanhar, fiquei branco e furioso. Se as coisas corressem mal, provavelmente só passadas umas 30 horas conseguiria chegar ao meu destino. Lá me mudaram um dos voos, a ver se me dava tempo, mas o terceiro era impossível, dado que apenas sai ou de manha ou de noite. Enfim, como imaginam, às 10 da manha já o meu humor estava de rastos. Lá passo pelo controlo de bilhetes, controlo de bagagens e entro (finalmente) no aeroporto. Compro uns doces típicos de Portugal, para dar a provar aos colegas e vou para a sala de embarque. Aí, (re)começou o martírio. A bagagem de mao de cada passageiro era analisada manualmente e de forma individual, para além de nos "apalparem" e mandarem retirar os sapatos. Lá entrámos na sala de embarque e lá ficámos quase 3 horas, sem poder sair e alguns infelizes sem sequer terem onde se sentar. Estava toda a gente aborrecidíssima e, para ajudar à festa, um enorme grupo de criancinhas gritava e pulava ao longo da sala.
A primeira parte da viagem, enquanto no ar, foi relativamente decente. Tempo para ver 2 filmes e ainda falar com a minha companheira do lado, uma angolana radicada nos EUA e professora de português. Chegamos a Newark, controlo de segurança e toca a recolher a bagagem para meia dúzia de metros à frente a meter outra vez nos corredores. E, mais um controlo de segurança. (nesta altura já perdi a conta quantas vezes me viram o passaporte e as meias, cada vez mais encardidas de andar a pisar um chao que duvido tivesse sido limpo nos dias anteriores. Umas filas enormes, uma corrida e lá chego à sala de embarque. Uns 20 minutos de espera, mais uma nova "amizade" (que pena que nos tivessem sentado longe um do outro) e deixam-nos entrar no aviao. Completamente desconhecido para nós, as complicaçoes que se passavam no aeroporto, onde teria havido uma falha na segurança. Talvez a razao para nos terem parados dentro do aviao, sem qualquer explicaçao e já na pista perto de uma hora? De uma forma impiedosa os ponteiros do relógio avançavam e eu via-me a chegar a South Bend apenas na segunda feira de manha. Lá chegámos a Cleveland, com uma hora de atraso. Saída a correr em direcçao ao terminal. Na outra ponta do aeroporto... e acreditem, aquele aeroporto é grande! Lá chego ao terminal, afogueado. Teoricamente já deveria ter começado o embarque, mas aviao... nem vê-lo. A partida estava dentro de tempo, mas tal nao se afigurava muito possível. Bem, tempo para comprar algo de comida e bebida, pois com todas as corridas e atrasos, pouco tinha comido ao longo de todas estas horas. Finalmente lá chegou o aviao. Ainda bem, pensei eu, assim para além de chegar eu, chegam também as minhas malas :) mais uma boa notícia... tinha sido detectado um problema no aviao e tinham chamado a manutençao. Ir-nos-iam avisar no novo horário de partida quando teóricamente já deveríamos levar uns 15 minutos no ar. Esperamos e à hora prometida lá nos actualizam. Necessitavam mais meia hora... Aaaahhhhhhh!!!!!! Parecia um filme de loucos. Três avioes e três problemas. Só me faltava que o aviao caísse. Pois, porque como podem ver é enorme e o tempo soleado e límpido...

Pela primeira vez gostei que me mentissem. Ao fim de 10 minutos puseram-nos no aviao e lá partimos nós, nao sem antes pararmos no meio da pista para nos regarem com anticongelante, evitando assim a formaçao de gelo nas assas. Mais uma experiência engraçada... Uma hora de voo, muitas nuves e de vez em quando conseguia-se ver algum campo coberto de neve. Começou a descida e, quase 17 horas depois de chegar ao aeroporto de Lisboa, cheguei ao meu destino final. Frio, muita neve, tudo branco. Chegado a casa, tempo para me assustar com a tarefa hercúlea que me esperava no dia seguinte (15 dias de neve sobre o meu carro) e cama.